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quinta-feira, 28 de março de 2013

Excelente post da Urbsnova-Agência de Inovação Social

Ed. Bastian Pinto, de Joseph Lutzenberger

by Jorge Piqué
Recentemente, criamos uma página sobre os prédios de Joseph Lutzenberger (1882 — 1951), famoso arquiteto, professor e artista, no bairro Floresta, na esquina da R. São Carlos com Hoffmann: Vila Flores: Acupuntura Urbana no Quarto Distrito
Ao contar a história desses prédios, apontamos que o mesmo proprietário, Eng. Oscar Bastian Pinto, após o trabalho com Lutzenberger neste projeto, havia encomendado ao mesmo arquiteto, no Centro, o Ed. Bastian Pinto, na esquina das ruas Vigário José Ignacio e Andradas, em 1928-30.
Fernando Corona, importante arquiteto de Porto Alegre, e colega de Lutzenberger, incluía este edifício entre as 4 melhores obras de Lutzenberger:
"São da autoria do arquiteto Lutzenberger o Palácio do Comércio, a Igreja de São José ... o Orfanato do Pão dos Pobres, o Edifício Bastian da Capital e do Interior do Estado." - Fernando Corona, 1969
Fonte: http://www.lutzenberger.com.br/texto_02_.htm
O Edifício Bastian Pinto foi retratado numa aquarela pelo próprio Lutzenberger, provavelmente nos anos 40. A comparação entre a aquarela e o estado atual do prédio, postada no facebook, nos levaram a muitas reflexões e a um aprofundamento sobre o próprio edifício.
Na imagem abaixo, à direita, vemos qual é a situação atual desse edifício, que preferimos nem olhar mais, não o percebemos como parte da paisagem urbana.
Ed. Bastian Pinto
Notem a descaracterização da parte térrea da fachada por anúncios, se perdeu a elegância dos arcos, que os toldos imitam grotescamente.
Ed. Bastian Pinto, fachada
Veja a situação do prédio em setembro de 2011, no Street View (Google Maps):
http://goo.gl/maps/vWkKd
No Código de Posturas de Porto Alegre, de 1975, ainda em vigor, já não se admitia essa desfiguração, que vemos em muitos outros casos:
Art. 38 - É proibida a colocação de anúncios:
           III - que desfigurem, de qualquer forma, as linhas arquitetônicas dos edifícios;
Estamos num momento em que se pensa em um novo código de posturas, que será um código de convivência. O cuidado com a nossa cidade não pode mais ser desrespeitado, sem nenhuma consequência, semnehuma sanção.
Fotos da parte interna do prédio
Após apresentar essa comparação das fachadas, passada e atual, visitamos o prédio e descobrimos alguns tesouros escondidos.
Segundo o livro Rua da Praia, um passeio no tempo, de Rafael Guimarães (Ed. Libretos, p. 157):
O projeto original, aprovado em 1928, dispõe que os dois primeiros pisos que se destinariam ao comércio — lojas e um restaurante —, o terceiro abrigaria salas comerciais ou consultórios, do quarto ao sétimo haveria quatro apartamentos residenciais por andar, e no último, um único apartamento de luxo para o proprietário [Oscar Bastian Pinto]. Já no ano seguinte, o projeto sofre consideráveis modificações, tanto na fachada como na disposição interna. O terceiro andar é, dessa vez, destinado a três grandes escritórios; os três andares subsequentes são divididos num número variável de apartamentos, dentre os quais há dois, de dimensões mínimas, de quarto e sala.
Atualmente o edifício apresenta lojas no térreo, que como vimos descaracterizaram completamente um dos elementos da fachada, os arcos. Internamente os andares são divididos em várias salas comerciais, de todo o tipo. O último andar, que era provavelmente o apartamento do proprietário, recentemente foi ocupado pela Associação de Cegos do Rio Grande do Sul.
No entanto o edifício ainda apresenta no seu interior elementos importantes do seu passado, como os vitrais e a escadaria.
Encontramos na entrada do prédio, na rua Vigário José Ignácio, sobre a porta um vitral com a figura de um gaúcho, obra da Casa Genta, uma das duas grandes casas de vitrais em Porto Alegre. Do lado de fora, o vitral é pouco visível para os pedestres da R. Vigário José Ignácio.
Ed. Bastian Pinto, entrada
Ed. Bastian Pinto, entrada
Ed. Bastian Pinto, vitral do Gaúcho (Casa Genta)
Ed. Bastian Pinto, vitral do Gaúcho (Casa Genta)
O vitral tem a sua melhor visão desde a parte interna do prédio:
Ed. Bastian Pinto
Ed. Bastian Pinto
gaucho
Esse vitral está identificado como sendo da Casa Genta:
"A Casa Genta foi, sem dúvida, o ateliê de maior representatividade e sua presença marcou mais de uma geração no ramo vidreiro e na memória coletiva Rio-grandense. A sua história começou com Antônio Genta, descendente de italianos, nascido em 1879, em Montevidéu. O pai de Antônio, Giuseppe Genta, transmitiu a ele e a seu irmão, Miguel Genta, os ensinamentos da arte do vidro trazida de Gênova e Altari (cidade natal de Giuseppe), Itália. Em 1908, em uma pequena oficina, Antônio começou a sua produção com vidros e a ele juntaram-se renomados artistas, dedicados à criação de cartões, desenhos e pintura de vitrais, dando origem ao ateliê Casa Genta. Foram membros da equipe o pintor alemão Maximilian Dobmeier, nascido em Munique, no período de 1930 a 1950, e o espanhol Francisco Huguet, no período de 1940 a 1980. Na produção dos vitrais era, comumente, usado o vidro densamente coloridos de origem europeia, assim como as grisalhas."
Fonte:http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/vitral_pelotas.htm
A entrada conduz à escadaria, que parece ser a original:
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Por último, quase imperceptível na fachada, encontramos outro vitral.
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Mesmo ampliando a imagem, não se distingue claramente o tema.
menino
Mas a face interna não se encontra em uma área pública do prédio, como no caso do gaúcho, mas sim em uma das salas comerciais, mais específicamente em um estudio fotográfico.
Entramos na sala comercial e no estúdio fotográfico, e atrás de uma grossa cortina encontramos esse belo vitral da Casa Veit e Filho, que possivelmente seria também um desenho de Lutzenberger.
Clique na imagem para ampliar
2013-03-26_14-07-17_915
A Casa Veit, juntamente com a Casa Genta, foraM as duas principais casas desse tipo :
Durante o século XX, no sul do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, na cidade de Porto Alegre, dois ateliês destacaram-se, nacional e internacionalmente, na produção de vitrais, a Casa Genta e a Casa Veit. (...) A Casa Veit iniciou a sua produção com Albert Goodfried Veit, imigrante alemão, nascido em 1865, em Wüttenberg, na Bavária. Albert imigrou para o Brasil em 1913 e, após um breve estadia no interior do estado do Rio Grande do Sul, em 1915, abriu o seu próprio estabelecimento, a Vitraux e Arte Veit. Após o seu falecimento, em 22 de janeiro de 1934, os filhos Albert Josef Georg e Hans e o neto Albert Veit Hoepf deram continuidade ao seu trabalho até o ano de 1970, quando veio a falecer Hans Veit. Registros encontrados mostram diferentes assinaturas para a produção do ateliê, tais como Veit e Filho, H. Veit, Hans Veit, Vitraux Hans, ou mesmo, Veit /Artes Reunidas. Na produção dos vitrais era abundante o uso de vidros opalinos e opalescentes, bem como esmaltes. Como uma característica especial desta produção, muitas vezes, quando na fachada, os vidros eram colocados de modo a promover uma leitura invertida do vitral, sendo os elementos escritos virados para o exterior da edificação.
Fonte:http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/vitral_pelotas.htm
Portanto, mesmo com as modificações na fachada e na parte interna, o edifício mantém algumas características especiais, que poderiam ser aproveitadas e valorizadas em um restauração e integração ao entorno, qualificando o Centro Histórico.
Jorge Piqué | março 28, 2013 às 2:30 am | Categorias: Uncategorized | URL:http://wp.me/p2L28h-qD

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